Estamos vivendo uma fase muito difícil com a pandemia. A busca do equilíbrio e o combate à ansiedade são essenciais para não entrarmos em um verdadeiro furacão capaz de destruir nossa estabilidade mental, emocional e física. E desta vez, a postagem se dirige não só para as crianças, mas também para aqueles que cuidam dela, sejam jovens ou adultos.
Independentemente da pandemia, também vivemos uma fase de muita ebulição, de uma preocupação enorme com o ter e o fazer, mas de pouco investimento no ser. Uma época de muita exposição a estímulos externos o que inclui computadores, celulares e televisão. Ao considerarmos todos esses fatores, podemos ter clareza dessa necessidade de dar uma pausa e ter um tempo para o silêncio e para si.
É importante aprendermos e ensinarmos nossos pequenos a criar momentos de autoencontro e de aquietamento. Para as crianças isso pode ser mais simples do que se imagina, e na escola, isso pode ocorrer de forma muito natural com o trabalho em grupo, como já acompanhei algumas vezes, mesmo com aulas remotas. Inicialmente, tudo se mostra uma grande brincadeira para os pequenos, que, gradativamente, vão aprendendo a serenar o corpo e a mente. Isso se aplica à meditação e, também, às atividades de respiração e relaxamento que são excelentes caminhos para o autoequilíbrio e a educação emocional. Os cuidados a se tomar são a linguagem adequada, a criação de imagens que falem ao mundo infantil e um tempo mais curto.
As atividades de relaxamento e respiração, que conduzem a um estado meditativo, estimulam áreas do cérebro relacionadas à atenção, à memória e ao raciocínio, assim como à autoconsciência e à autorregulação emocional. Isso se dá através da plasticidade cerebral que tem o poder de transformar o cérebro emocional, criando muitas possibilidades, como observa o cardiologista brasileiro Georg Tuppy. Segundo ele, “não estamos presos ao cérebro com o qual nascemos, pois temos a capacidade de direcionar deliberadamente as funções que vão florir e as que vão fenecer, as capacidades morais que vão surgir e as que não vão surgir, as emoções que vão florescer e as que vão ser silenciadas”. Aquela observação que ouvimos muitas vezes de “nasci assim e vou morrer assim”, está longe de ser verdadeira como mostram os estudos das neurociências. Esta é uma desculpa dos que se acomodam e não querem investir em mudanças.
Em qualquer idade, meditar traz efeitos muito positivos como acalmar a mente, propiciar um sono mais tranquilo, relaxar, diminuir a ansiedade, estimular o funcionamento do sistema imunológico, estimular a criatividade, a imaginação e a autodisciplina, aprender a respirar em momentos de tensão, trabalhar a autoestima positiva.
A criança que passar pela experiência da meditação com regularidade, se tornará um jovem e um adulto com muito mais facilidade de meditar e usufruir os efeitos desta técnica milenar que ganha, a cada dia, maior número de adeptos. Pesquisas revelam resultados muito positivos, incluindo a melhora de doenças e/ou maior equilíbrio para lidar com elas. No Rio de Janeiro, o INCA – Instituto Nacional do Câncer, tem uma experiência maravilhosa no setor pediátrico com sessões de meditação, que ajudam as crianças e seus responsáveis a lidarem com as tensões e dificuldades de enfrentar o tratamento. Também componentes da equipe de enfermagem participam desses momentos de alívio de uma rotina de tensão, contribuindo para que se tornem mais empáticos.
A meditação nos ajuda a criar conexões mais equilibradas e saudáveis não só conosco, mas também com o outro, e aumenta a empatia, a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa. Isso facilita que se criem relações em que raças, crenças religiosas ou culturas não sejam barreiras e que predomine o espírito de solidariedade e fraternidade de que o mundo está bastante carente. As práticas meditativas contribuem, por tudo isso, a aumentar a inteligência emocional e a resiliência, a capacidade de lidar com as adversidades e delas se recobrar mais facilmente.
Hoje ficamos por aqui, mas ainda voltaremos a esse assunto.
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